Professores da FURG destacam inovação e valor agregado no agronegócio gaúcho durante painel na Fenacan
Na última sexta-feira (15), professores da FURG, no seminário “A Agricultura e a Pecuária no Rio Grande do Sul: Sustentabilidade, Inovação e Desenvolvimento”, realizado durante a 38ª Fenacan. O painel, intitulado “O processo de inovação no agronegócio gaúcho e a pesquisa acadêmica”, foi apresentado pelo professor Marcelo Badejo, dos cursos de Engenharia Agroindustrial, e pela doutora Monica Oliveira, especialista em inovação tecnológica.
Em sua fala, o professor Marcelo Badejo provocou a plateia ao destacar que o Brasil, embora seja um dos maiores produtores mundiais de grãos, ainda perde espaço na geração de valor agregado para países que não cultivam, mas transformam a matéria-prima. “O exemplo do café é emblemático: produzimos toneladas do grão, mas quem mais lucra é a Alemanha, que domina a torrefação, a logística e o mercado internacional. Isso mostra a urgência de inovar dentro das cadeias agroindustriais, para que o valor não seja todo gerado fora do país”, afirmou.
Marcelo também ressaltou a importância da aproximação entre empresas e universidades, lembrando que invenções só se tornam inovações quando encontram aplicação prática e alcance de mercado. “Ter uma boa ideia não garante que ela vá prosperar. É preciso compreender processos, custos, gestão e, sobretudo, desenvolver soluções a partir das demandas reais de cada setor produtivo”, pontuou.
A pesquisadora Monica Oliveira trouxe ao debate resultados de sua trajetória acadêmica, com destaque para estudos sobre a cadeia orizícola. Segundo ela, o arroz é um caso de sucesso no Brasil, fruto da combinação entre instituições de pesquisa — como o IRGA, a Embrapa e a Emater — e a indústria beneficiadora, que ao longo de décadas introduziu diferentes níveis de inovação tecnológica.
“Apesar de ter a menor área cultivada entre os grandes produtores mundiais, o Brasil alcançou uma das maiores produtividades de arroz. Isso se deve tanto as cultivares desenvolvidas por institutos de pesquisa, quanto ao papel das indústrias que incorporaram tecnologias, desde melhorias simples no beneficiamento até a adoção de automação e robotização”, explicou.
Monica lembrou que sua pesquisa mapeou marcos de inovação no setor, desde o cultivo irrigado, passando pela criação do IRGA e a modernização industrial, até chegar a processos avançados, como a introdução de linhas de arroz prontos e saborizados desenvolvidos em parceria com universidades. “Essas transformações mostram como a inovação tecnológica não é um fenômeno isolado, mas um caminho coletivo, que envolve pesquisa, empresas e produtores”, reforçou.
Ao final, tanto Marcelo quanto Monica ressaltaram a importância de aproximar a academia da sociedade, convidando estudantes, empresários e a comunidade a conhecerem mais de perto os trabalhos desenvolvidos na FURG, especialmente no campus Santo Antônio da Patrulha, que existe na cidade. “Estamos à disposição para construir parcerias e ampliar a compreensão sobre inovação e desenvolvimento sustentável no agronegócio”, destacou a pesquisadora.